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As propostas de Cristo e Francisco de Assis diante do desafio econômico


 
 
 
Luogo:
Data: 18/03/2010
 
PUA

Por Frei Gustavo Wayand Medella, OFM

Há possibilidade de articulação entre Economia e Franciscanismo? Até que ponto a lógica econômica pode ser articulada com os valores cristãos? Estas foram algumas das perguntas que deram o tom do encontro que marcou a abertura do ano acadêmico de 2010 no Instituto Teológico Franciscano, realizado na noite desta quarta-feira, dia 17 de março, no salão acadêmico do ITF.

As propostas de Cristo e Francisco de Assis diante do desafio econômico

Há possibilidade de articulação entre Economia e Franciscanismo? Até que ponto a lógica econômica pode ser articulada com os valores cristãos? Estas foram algumas das perguntas que deram o tom do encontro que marcou a abertura do ano acadêmico de 2010 no Instituto Teológico Franciscano, realizado na noite desta quarta-feira, dia 17 de março, no salão acadêmico do ITF.

São Francisco e a Economia alternativa
Na opinião do Professor de Espiritualidade Franciscana, Frei Celso Márcio Teixeira, mesmo que o conceito de economia não apareça explicitamente nos escritos de São Francisco, pode-se apreender, a partir dos ensinamentos do santo e de narração dos hagiógrafos, a proposta de um modelo econômico alternativo. “Economia aqui se compreende não como a posse de bens e o gerenciamento de capital, mas como o esforço de gerir as necessidades vitais dos irmãos”, explicou.

Este modelo alternativo, centrado no atendimento das necessidades dos irmãos, teria como características principais:
O trabalho como base: “Este seria o primeiro artigo do estatuto da economia franciscana”, ressaltou Frei Celso. De acordo com o estudioso, o trabalho dos irmãos seria a principal fonte para a subsistência, e o apelo à mendicância só ocorreria quando este primeiro não fosse suficiente.
A socialização dos bens pela partilha: “Na compreensão franciscana, os bens adquiridos não pertencem unicamente a quem trabalhou, mas aos irmãos através da partilha. Pobreza, neste caso, não é apenas não acumular, mas também partilhar o que se tem”, lembrou.
A destinação do supérfluo aos pobres: “Esta foi uma prática constante de São Francisco, atestada por muitos de seus hagiógrafos”, destacou.
 

As grandes questões em torno do pobreza
Em sua contribuição, o doutorando em Espiritualidade Franciscana, Frei Fábio César Gomes, apontou alguns elementos importantes no debate sobre a Teologia da Pobreza na história da Ordem Franciscana. “Muitas foram as controvérsias em torno deste tema. Em alguns casos, houve inclusive o apelo à autoridade papal na interpretação da Regra da Ordem”, apontou. Como exemplo, Frei Fábio citou as questões da propriedade e do uso dos bens, enfatizando as ideias de São Boaventura (1221-1274) em sua Apologia Pauperum¸ na qual o pensador argumenta defendendo a absoluta pobreza de Jesus Cristo, e as considerações de Pedro de João Olivi (1248-1298) acerca do uso pobre dos bens.
Em termos atuais, o pesquisador destacou a importância deste pensamento em dois aspectos: no que diz respeito à propriedade, é muito atual a reflexão acerca da função social dos bens e, no tema do uso, salta aos olhos a necessidade urgente de um modo de utilização mais consciente e responsável de todas as coisas, em especial dos recursos naturais.
 

A concepção cristã de Economia
A última colocação foi do economista Antônio Müller, professor da Universidade Católica de Petrópolis. A partir da perspectiva cristã, o professor apresentou alguns aspectos da teoria econômica e também levantou reflexão em torno de dados da economia mundial. Logo no início de sua explanação, o economista apresentou a grande proposta trazida por Cristo: “Jesus Cristo, em sua vida, especialmente ao vencer as tentações do deserto, percebeu que no desejo de glória, poder e riqueza estão as bases de todos os conflitos e, por isso, veio trazer a grande mensagem aos seres humanos, que todos são irmãos”. Nesta compreensão estaria, segundo o professor, a grande possibilidade de construção de uma sociedade de paz e justiça.

Logo após a apresentação dos palestrantes, a plateia teve chance de apresentar perguntas e comentários. A noite cultural de abertura do ano acadêmico teve início às 19h50 e terminou às 21h40.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
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