Frei Osvaldo Maffei Junior, OFM*
Petrópolis - RJ
O segundo domingo do mês vocacional nos recorda a Vocação Matrimonial que, por sua vez, é fonte de vida. A vocação para o casamento é algo muito especial e que dela deriva a formação de todas as outras vocações, sacerdotal, religiosa, laical e matrimonial.
A partir da vocação matrimonial é que podemos dizer que surge toda a sociedade. É dos laços matrimoniais que brotam a vida humana, é destes laços que surge a família, a primeira instituição pela vida. O filósofo Hegel considerava a família como a primeira instância da sociedade. É de fato que da família surge toda a dádiva humana, ou seja, a vida.
A família, então, é esta instituição mais antiga e que por diversas épocas foi condenada a falência, tal qual nos dias de hoje, mas como uma planta no inverno, a família sempre de novo ao chegar a primavera, ao ser tocada pelos raios do sol, do amor, esta planta, a família, volta a seu vigor original e dá continuidade a sua missão.
Anselm Grün nos fala que a palavra “casamento, em português, vem de casa. Em alemão, casamento ‘heirat’ é composto de duas palavras: lar e provimento ‘heim e rat’. Originalmente, isso significa zelo pelo lar. Na verdade, provimento ‘rat’ quer dizer ‘elemento necessário para a sustentação da vida’. Por meio do casamento surge um lar. Para que possa oferecer um lar ara toda a família, o casamento precisa do provimento da casa, daquilo que é necessário para a vida. Não são apenas as coisas externas, mas também formas bem determinadas de comportamento. É necessário o conselho ‘rat’ no sentido atual da palavra, a boa sugestão, a orientação correta para uma boa convivência. O lar que se constitui por meio do casamento de duas pessoas deve tornar-se também o lar de outras pessoas. Onde dois seres se amam, cria-se um espaço de amor em que outros também se sentem amados e em casa”. (1)
O matrimônio, o casamento, é esta união de duas pessoas que se amam e amando-se unem suas vidas, seus corpos e tornam-se UM. Embora duas pessoas totalmente deferentes, quando pela primeira vez se olham encontram no fundo dos olhos do outro aquela pedra preciosa que irá irradiar toda a sua vida, e que por isso deixam tudo e vão à busca desta pedra preciosa. Eis aqui o amor que os entrelaça e os torna UM.
Desta união dizemos que surge a família, berço da sociedade, berço da educação, a verdadeira manjedoura da humanidade. Lá onde tudo vigora e cresce sem ameaças, lá onde o bebê dorme sossegadamente no colo dos pais. Lá onde o Amor mora. No entanto, é necessário acrescer a este discurso que a família está sendo ameaçada a falência. Por quê?
Basta olhar para nossos lares e ver, quantos deles se reúnem em torno a mesa para partilhar o alimento da convivência; quantos deles ao menos dizem um “bom dia”, uma “boa noite”, ou mesmo um “oi”. Em nossos lares será que existe “o olho no olho”, o contato direto? Será que existe um passei em família? Será que o Amor ainda mora em nossos lares?
Porém, ainda há esperança. A esperança esta dentro de cada um de nós; somos verdadeiramente guardiães da esperança.
Lucas em seu evangelho nos alerta com as palavras do Cristo: “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido”. (2) Pois bem, foi nos conferido a guardiania da esperança, e aqueles que abraçaram a vocação matrimonial foi lhes confiado à guardiania da família. Portanto, meus irmãos é necessário, apresentar ao mundo que de fato o Amor vive em nossos lares.
E aqui ficam as questões: Como estamos vivendo nossa vocação de casados? Em nosso lar existe diálogo? O amor mora em nosso lar?
Rezemos, então, pelas famílias através da oração do Papa João Paulo II:
Ó Deus, de quem procede toda a paternidade no céu e na terra, Pai que és amor e Vida, faze que cada família humana sobre a terra se converta, por meio do teu Filho, Jesus Cristo, “nascido de Mulher”, e mediante o Espírito Santo, fonte de caridade divina, em verdadeiro santuário de vida e do amor para as gerações que se renovam. Faze que tua graça guie os pensamentos e as obras dos esposos para o bem de suas famílias e de todas as famílias e de todas as famílias do mundo. Faze que as jovens gerações encontrem na família um forte apoio para sua humanidade e seu crescimento na verdade e no amor. Faze, finalmente, te pedimos por intercessão da Sagrada Família de Nazaré, que a Igreja em todas as nações da Terra possa cumprir frutiferamente sua missão na família e por meio da família. Tu que és Vida e Amor, na unidade do Espírito Santo. Amém.
* Frei Osvaldo Maffei Junior é frade franciscano (OFM); graduado em Filosofia e estudante do curso de Teologia do ITF.
REFERÊNCIAS:
(1) GRÜN, ANSELM. Matrimônio, bênção para a vida em comum. 2ªed. São Paulo: Loyola, 2007. p.09.
(2) LC 12,48b
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